Entre claustros e caminhos

As vezes sinto-me como se eu não coubesse em lugar algum, como se eu não falasse o mesmo dialeto de muitos. Sinto-me perdida em uma imensa floresta buscando caminhos de volta para o que um dia eu já fui de fato, buscando a direção para retornar a minha real essência. As vezes sinto-me imersa em um prolixo mar, tentando encontrar um escape e um socorro para todos os meus temores, para todas as minhas dores, para as minhas inseguranças, para todos os meus complexos, desconfortos, dúvidas, frustrações e fragilidades. Avisto uma luz de esperança no ápice dos altos montes, tão longínquos, quase a ponto de se perderem no infinito... Sinto-me muitas vezes dentro de um claustro, aprisionada em minhas saudades, em minhas vontades e em meus sentimentos ambivalentes. Por vezes abro as janelas, procuro os raios de alegria, escuto o canto dos pássaros, sinto o cheiro das flores... Mas a primavera demora tanto a chegar, e o inverno permanece algóz aqui dentro. Enquanto isso procuro atalhos, maneiras, soluções e razões para prosseguir a jornada... Percebo que a estrada é tão íngreme, os espinhos são muitos entre os jardins, as noites são tão sombrias e a distância é tão longa até a chegada. Sinto-me entediada com a inalterabilidade deste claustro. Sinto-me cansada de tantas tentativas sem sucesso. Sinto-me saturada de desejos adiados, de comportamentos esperados, de tentar provar o que já não sou... E o que serei afinal, só Deus poderá saber... Pois eu não sei ainda quantos vales e mares terei que vencer, quantas manhãs e primaveras terei que esperar.. Só sei mesmo que por mais difícil que tudo pareça ser, o que preciso é acreditar e continuar... Simone Contelli