Faça o que eu faço

Olá amigos do blog!

Como estamos na semana em que comemoramos o dia das crianças e também o dia dos professores, resolvi compartilhar um texto que nos traz muita sabedoria e nos faz refletir sobre a maneira a qual temos educado e ensinado nossas crianças. Como temos nos comportado com nossos pequenos? O que tem falado mais alto, as nossas palavras e ensinamentos ou o nosso exemplo?

Faça o que eu faço

O dia em que eu entendi o que era educação foi num sábado de manhã, oito anos atrás, ao atender um telefonema de telemarketing. Foi uma ligação dessas que começam com alguém lendo seu nome completo. Fiz o de sempre: contei uma mentira rápida.
“Ah, a Roberta não está. Não, ela só volta à noite.” Desliguei, como se nada tivesse acontecido – e deparei com uma pessoa me encarando intrigada.
“Mas, mamãe, você tá! Por que você fingiu?!”

A Gabriela tinha pouco mais de 3 anos. Até pouco tempo, tinha sido meu bebê – um trabalho braçal, mas que me exigia poucas explicações. De repente, estava se dando conta do mundo. Cheia de espanto, fazia perguntas curiosas e observações constrangedoras. Era uma nova fase, deliciosa. Até ela me pegar mentindo no telefone.
Em segundos, vi um filme passar diante dos meus olhos. Uma coisa tão banal, eu sei – quantas mentirinhas não contamos? Mas, diante dela, tão fácil de ser enganada, senti o peso do mundo. Como se aquela resposta fosse a mais importante que eu daria à Gabi em toda nossa vida.

Então isso é educação, pensei. Não o que dou a ela: não são os bons modos à mesa, a escola bacana, as aulas de natação, as histórias antes de dormir, as regras de comportamento, as brincadeiras, os passeios, as lições.

Não, não é o que eu dou. A educação é o que eu sou.

Eu sou o exemplo. Antes de tudo, da forma mais primitiva, é assim que se ensina e se aprende, que se transmitem valores e conhecimentos, hábitos e habilidades. Sem precisar de aulas, manuais, nem um só real: basta a convivência. E a força dessas lições é maior do que qualquer outra dada em salas, livros, discursos. Meus anos de estudos pouco significam perto dos exemplos que recebi.

Isso também aconteceria com a minha filha. E tornaria tudo muito mais difícil. Um curso pode custar caro, dar trabalho, mas é cômodo. Ser um bom exemplo, por inteiro, coerente no que se fala e no que se faz? É uma missão para a vida toda. Mais ou menos como manter a barriga encolhida e as costas retas 24 horas por dia, inclusive enquanto se carrega as caixas da mudança pela escada.

Naquela manhã de sábado, encolhi minha barriga, endireitei as costas, peguei minha filha pela mão e a levei para o jardim, para ter uma conversa da qual ela não guarda nenhuma lembrança, mas que mudaria minha vida.

Expliquei que eu tinha fingido que não estava em casa porque não queria falar com a pessoa que tinha ligado.
Era o lobo?”, perguntou. Não, eu não conhecia a pessoa, expliquei. E desatei a falar: havia mentido e isso era ruim; temos de ser sinceras; fui má com a pessoa que ligou; pedia desculpas por ter feito uma coisa errada...

Quando terminei, ela já estava cantarolando, em outro planeta. E eu estava tão feliz e chocada como se naquela manhã tivesse me tornado mãe outra vez. Uma coisa é ter filhos, entendi. Outra é se comprometer em educá-los.

Desde então, tentar ser um bom exemplo para ela se reflete em cada mínima coisa da minha existência: o que eu como, compro, digo. O que faço no trabalho, como vivo minhas relações, as opiniões que defendo. Não janto mais no sofá, não tenho carro e faço mais gentilezas do que me é natural só para praticar o que digo a ela ser certo.

Às vezes fracasso. Às vezes me orgulho. Fico em dúvida se adianta. Canso. Mas a recompensa tem a medida da dificuldade. E não está, quem diria, na filha que crio. Ela mora em mim: ao tentar educá-la, me transformo em uma pessoa melhor. Era eu quem mais precisava de educação.

Roberta Faria

Que Deus nos ensine, nos capacite e nos ajude a sermos bons exemplos!

Beijo com carinho!

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