Enfrentando a dor

“As lágrimas são materiais com os quais o céu tece seu arco-íris mais brilhante.”
(Max Lucado)

“Jesus chorou. E, nas lágrimas de Jesus, encontramos permissão para derramar as nossas.”
(F. B. Meyer)

Olá amados!
No dia 20 de janeiro do ano passado perdi uma das pessoas mais queridas e especiais da minha vida. Minha linda vózinha.
Meses depois consegui traduzir toda a minha dor e saudade através de uma poesia que está postada aqui no blog, por título Marcas de saudade.
Um ano se passou e Deus tem consolado os nossos corações, tem nos trazido seu bálsamo e aliviado a nossa dor.
Mas a saudade é inevitável! E em meio a essa enorme saudade e as muitas recordações quero compartilhar com vocês algo que edificou muito o meu coração naqueles dias tão difíceis e tristes.
No livro Derrubando Golias de Max Lucado, Ele escreve com tanta sabedoria sobre isso que faz parte da vida: a morte.

Meu desejo é que assim como essas palavras trouxeram refrigério para a minha alma, possa causar o mesmo efeito na alma e nos corações de todos aqueles que já enfrentaram e talvez estejam enfrentando esses momentos tão difíceis e dolorosos:


A morte rouba você. O túmulo rouba momentos e lembranças ainda não compartilhados: aniversários, férias, passeios à toa, conversas durante o chá. Você fica desolado porque foi roubado.
Nada mais é normal e nunca será de novo. Depois que a esposa de C.S. Lewis morreu de câncer, ele escreveu: "Sua ausência é como o céu, que se estende sobre tudo".
Quando você pensa que o bicho-papão da dor se foi, ouve uma música que ela adorava ou sente o cheiro da colônia que ele usava ou passa em frente a um restaurante onde vocês dois costumavam comer. O gigante continua aparecendo.
E o gigante da dor continua provocando. Provocando...
Ansiedade. "Estou perto?"
Culpa. "Por que não contei para ele?" "Por que não disse a ela?"
Anseio. Você vê casais perfeitos e deseja seu cônjuge. Você vê pais com os filhos e tem saudades de seu filho.
O gigante provoca insônia, perda de apetite, esquecimento, pensa¬mentos suicidas. A dor não é uma doença mental, mas. às vezes, é como se fosse.
O capitão Call não entendeu isso.
Talvez seus amigos não entendam isso.
Talvez você não entenda isso. Mas, por favor, tente. Entenda a gra¬vidade de sua perda. Você não perdeu um jogo ou colocou suas chaves no lugar errado. Você não se afastou da situação. Em algum momento, em questão de minutos ou meses, você precisará fazer o que Davi fez. Enfrente sua dor.
Ao ouvir sobre a morte de Saul e de Jônatas, "Davi cantou este lamento" (2 Samuel 1:17). O guerreiro chorou. O comandante enterrou o rosto barbado nas mãos calejadas e chorou. Ele "rasgou suas vestes; e os homens que estavam com ele fizeram o mesmo. E se lamentaram, cho¬rando e jejuando até o fim da tarde, por Saul e por seu filho Jônatas, pelo exército do SENHOR e pelo povo de Israel, porque muitos haviam sido mortos à espada" (1:11,12).
Guerreiros em pranto cobriram as montanhas, uma multidão de homens andando, gemendo, chorando e pranteando. Eles rasgaram suas vestes, esmurraram o chão e exalaram gemidos de dor.
Você precisa fazer o mesmo. Expulse a dor de seu coração e, quando ela voltar, expulse-a novamente. Siga em frente, chore um rio de lágrimas.
Jesus chorou. Ao lado do túmulo de seu querido amigo,"Jesus cho¬rou" (João 11:35). Por que ele faria tal coisa? Ele não sabe que a ressurreição de Lázaro está para acontecer? Basta uma palavra sua para ver o ami¬go sair do túmulo. Ele verá Lázaro antes do jantar. Por que as lágrimas?

A morte amputa um membro de sua vida.

Em meio às respostas que imaginamos ter e às muitas que não te¬mos está esta: a morte tem um mau cheiro.
A morte amputa um membro de sua vida. Por isso Jesus chorou. E, nas lágrimas de Jesus, encontramos permissão para derramar as nossas. F. B. Meyer escreveu:

Jesus chorou. Pedro chorou. Os convertidos de Éfeso choraram sobre o apóstolo, cuja face nunca mais veriam. Cristo está ao lado de todo aquele que chora, dizendo: "Chore, meu filho; chore, pois eu chorei".
As lágrimas aliviam a cabeça quente, como um belo banho de chuva. As lágrimas descarregam a insuportável agonia do cora¬ção, assim como o transbordar diminui a pressão da enchente contra a barragem. As lágrimas são materiais com os quais o céu tece seu arco-íris mais brilhante.

Não sabemos por quanto tempo Jesus chorou. Não sabemos por quanto tempo Davi chorou. Mas sabemos quanto tempo choramos, e o tempo parece tão truncado.

As lágrimas são materiais com os quais o céu tece seu arco-íris mais brilhante. - F. B. Meyer

Os egípcios vestem-se de preto por seis meses. Alguns muçulmanos usam roupas de luto por um ano. Os judeus ortodoxos fazem preces pela mãe ou pai falecido todos os dias por 11 meses. Há apenas 50 anos, os norte-americanos de regiões rurais usavam uma faixa preta no braço por um período de várias semanas.3 E hoje? Sou o único que tem a impressão de que apressamos nossas dores?
A dor leva um certo tempo. Dê um tempo para si mesmo. "O co¬ração do sábio está na casa onde há luto" (Eclesiastes 7:4). Lamentar pode ser um verbo estranho em nosso mundo, mas não nas Escrituras. Setenta por cento dos salmos são poemas de dor. Ora, o Antigo Testamento inclui um livro de lamentações. O filho de Davi escreveu: "A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração" (Eclesiastes 7:3).
Exploramos as questões mais profundas da vida na caverna da dor. Por que estou aqui? Para onde vou? Um giro pelo cemitério levanta questões difíceis, porém vitais.

Exploramos as questões mais profundas da vida na caverna da dor.
Por que estou aqui? Para onde vou?

Davi entregou-se à total força de seu remorso: "Estou exausto de tanto gemer. De tanto chorar inundo de noite a minha cama; de lágrimas encharco o meu leito" (Salmo 6:6).
E, depois, mais tarde: "Minha vida é consumida pela angústia, e os meus anos pelo gemido; minha aflição esgota as minhas forças, e os meus ossos se enfraquecem" (Salmo 31:10).
Você está zangado com Deus? Diga isso a ele. Aborrecido com Deus? Deixe que ele saiba disso. Cansado de dizer às pessoas que você está bem quando não está? Diga a verdade. Foi o que fizeram meus ami¬gos Thomas e Andrea Davidson. Uma bala perdida tirou-lhes Tyler, o filho de 14 anos. Tom escreve:

Fomos bombardeados com a pergunta:"Como vocês estão?"...
O que eu realmente queria dizer para todos era: "Como você acha que estamos? Nosso filho está morto, nossa vida está infe¬liz e eu gostaria de que o mundo acabasse".

Talvez Davi tenha usado outras palavras. Talvez não. Uma coisa é certa: ele se negou a ignorar sua dor.

Como caíram os guerreiros!

Chorem por Saul, ó filhas de Israel!...

Como estou triste por você, Jônatas, meu irmão!
Como eu lhe queria bem!
Sua amizade era, para mim, mais preciosa que o amor das mu¬lheres!

Caíram os guerreiros! (2 Samuel 1:19,24,26-27)

Davi chorou com a mesma criatividade com que adorou a Deus, e — grife isso — ele "cantou este lamento sobre Saul e seu filho Jônatas e ordenou que o ensinassem aos homens de Judá" (1:17,18).
Davi convidou a nação a prantear. Fez do choro uma política pú¬blica. Negou-se a encobrir ou amenizar a morte. Ele enfrentou-a, lutou contra ela, desafiou-a. Mas não a negou. Como explicou seu filho Salo¬mão: "Há... tempo de prantear" (Eclesiastes 3:1-4).
Dê tempo para si mesmo. Enfrente sua dor com lágrimas, tempo, e — mais uma vez — enfrente sua dor com a verdade. Paulo incentivou os tessalonicenses a sofrer, mas não quis que os cristãos fossem "ignorantes quanto aos que dormem, para que não se [entristecessem] como os ou¬tros que não têm esperança" (1 Tessalonicenses 4:13).
A última palavra sobre a morte é de Deus. E, se você prestar aten¬ção, ele lhe dirá a verdade sobre seus entes queridos. Eles receberam alta do hospital chamado Terra. Você e eu ainda vagamos pelos corredores, sentimos o cheiro dos remédios e comemos vagem e gelatina servidas em bandejas de plástico. Eles, enquanto isso, desfrutam de piqueniques, respiram o ar da primavera e correm em meio às flores que chegam à altura dos joelhos. Você sente uma saudade louca deles, mas é possível negar a verdade? Eles não têm dor, dúvida ou luta. Eles realmente estão mais felizes no céu.
E você não os verá logo? A vida passa muito rápido. "Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um sopro" (Salmo 39:5).
Ao deixar seus filhos na escola, você chora como se nunca mais fos¬se vê-los? Ao deixar seu cônjuge no mercado para ir estacionar o carro, você dá um último adeus para sempre?

Deus conhece a dor de um túmulo. Ele enterrou um filho. Mas ele também conhece a alegria da ressurreição. E, pelo poder dele, você também conhecerá.

Não. Quando você diz: "Até logo", é isso que você quer dizer. Quando você está no cemitério olhando para a terra fofa que acabou de ser revirada e promete: "Até logo", você está falando a verdade. Só falta uma fração de momento eterno para a reunião acontecer.
Não é necessário que vocês "se entristeçam como os outros que não têm esperança" (1 Tessalonicenses 4:13).
Por isso, vá em frente, enfrente sua dor. Dê tempo para si mesmo. Permita-se derramar lágrimas. Deus entende. Ele conhece a dor de um túmulo. Ele enterrou um filho. Mas ele também conhece a alegria da ressurreição. E, pelo poder de Deus, você também conhecerá.

Que o Espírito Santo traga consolo e esperança a todos os corações entristecidos!

Beijo com carinho

2 comentários:

Paty disse...

Exploramos as questões mais profundas da vida na caverna da dor.

É a mais pura verdade! Obrigada por compartilhar Si

Anônimo disse...

Eu amei esse livro e agradeço a Deus pelo tempo que sua vozinha esteve com e gente...
Haverá toda uma eternidade pra matar a saudade!!!
Bj

Postar um comentário